Steve Jobs
June 4, 2023 • 6 min
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Abdul Lateef Jandali (nome de nascença de Jobs) conseguiu um estágio de verão na HP quando ainda tinha 13 anos, largou a faculdade aos 18 e foi morar em uma comunidade hippie. No ano seguinte, conseguiu um trabalho na Atari e, com 21 anos, lançou o Apple I por US$ 666,66 junto de Wozniak. Antes do termo unicórnio ainda existir (meados de 2013), a Apple chegou ao místico US$ 1 bilhão de valuation em 1980, quando Jobs tinha apenas 25 anos. Faz sentido ele ser o símbolo da geração quando pensamos em fundadores de sucesso.
Contexto
Acredito que considerável parte dos jovens com menos de 24~25 anos tem uma grande pressão/vontade interna de fundar sua empresa de tecnologia ainda com pouca idade. Isso se da ao fato de que esses jovens puderam observar outros jovens percorrerem este caminho de sucesso e alcançarem posições invejáveis e inspiradoras na sociedade. Esses founders não apenas construíram uma empresa de sucesso dentro do seu ramo ou algo do tipo, eles “furaram a bolha” e hoje são os grandes líderes da economia mundial, assumindo uma posição de liderança na sociedade.
Para ilustrar, essas são as 12 maiores empresas (em valor de mercado) do mundo atualmente (03/2023):
Como você pode notar, 8 delas são focadas, majoritariamente, em tecnologia. Óbvio que todas as empresas estão ligadas ao setor, mas essas tem seu core business em tech. Essa “elite” de empresas aparece muito nos meios de comunicação e seus fundadores acabaram por definir o conceito de sucesso para o século XXI.
Além desses gigantes, temos uma leva de novos founders que entraram em evidência mais recentemente.
Empreendedores como Sam Altman da OpenAI, Alenxandr Wang da Scale, Predo Franchesci e Henrique Dubugras da Brex, Brian Chesky do Airbnb, Patrick e John Collison da Stripe, entre outros.
Essa nova geração de líderes traçou um role model de jovem gênio que tem uma startup inovadora em crescimento acelerado, largou a faculdade para cuidar da empresa e conseguiu muito funding com VCs do vale do silício que compraram seu pitch. Logo, os aspirantes a empreendedores de tecnologia atuais tem como sonho seguir essa trilha e desenvolver algo parecido com o que esses caras fizeram. O sonho é, basicamente, entrar em uma ivy league versão tupiniquim, fundar a empresa durante a faculdade, receber um aporte e largar a faculdade para se tornar um mega empresário. Em resumo, o roteiro do personagem de Jesse Eisenberg em A Rede Social (2010).
Mas agora, e se você não for o próximo Steve Jobs?
Querendo ou não, temos que levar essa possibilidade em conta. Existem dois pontos em que quem está com a pressão/vontade de seguir esta jornada de se tornar um founder de sucesso deveria pensar:
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Quanto maior a expectativa, maior a frustração (high bar, strong mind)
Atualmente, o conteúdo que consumimos e que chega até nós é, em larga maioria, composto de pessoas que estão no 0.01% da pirâmide. Tudo que vemos é chocante, absurdo, gigantesco e incrível. No final das contas, é impossível não nos compararmos com essas pessoas. Provavelmente muitos não concordarão comigo, mas eu gosto dessa comparação com o topo. Acredito que precisamos sempre nos inspirar na pessoa que melhor faz o que queremos fazer. O problema é que, para usar esses extremos como referência, você precisa ter a consciência de que o desafio é grande, e é ai que mora o problema: o desalinhamento da expectativa de sucesso e da possibilidade de falha. Como suas metas estão em um nível altamente desafiador (igualmente compensador, obviamente), a chance de você não alcançá-las é grande. Você precisa estar preparado para que, caso a sua trajetória siga de alguma forma diferente, você tenha resiliência mental suficiente para tentar coisas diferentes ou seguir o mesmo caminho incessantemente, trazendo com você o aprendizado da experiência. -
Existem caminhos alternativos
Isso não é nenhuma novidade, mas você não necessariamente precisa seguir o caminho perfeito para chegar onde almeja. Na maioria das vezes, ter experiência de décadas no mercado que quer empreender aumenta suas chances de sucesso. Essa experiência te gera muito networking e revela as dores que o mercado possui. Com esta visão de dentro, é mais fácil construir algo que de fato soluciona um problema real, ao invés de uma ferramenta substituível.
De fato, muitos founders de sucesso largaram a faculdade foram trabalhar na sua ideia, mas muitos outros seguiram um caminho mais “ortodoxo”, assim como muitos não se encaixam em um caminho padrão e muitos tiveram sorte em um dado momento (alguns ainda passaram por todos esses caminhos).
- Travis Kalanick, da Uber, fundou sua primeira empresa em 1998. Após altos e baixos, acabou fundando a gigante dos transportes apenas em 2010, quando já tinha 33 anos.
- Stewart Butterfield, do Slack, saiu de um vilarejo hippie e tentou diversas vezes criar sua empresa de tecnologia. Com sucessos (como o Flickr) e fracassos (como a Ludicorp), o canadense fundou o Slack em 2013, com 39 anos.
- Jan Koum, do WhatsApp, trabalhou na Ernst & Young, no Yahoo! e chegou até a ser rejeitado pela Meta (na época Facebook) de Mark Zuckerberg que, ironicamente, viria a comprar sua empresa por mais de US$ 19 bilhões. Depois disso tudo, e com 33 anos, assim como Kalanick, fundou o WhatsApp em 2009.
Isso significa que você não deve almejar o mesmo processo que a pessoa, mas deve procurar o mesmo resultado. Agora, todos sabemos que existem diferentes forma de se chegar ao resultado. Umas demoram mais, outras menos, algumas são mais fáceis, algumas são mais difíceis… mas não existe uma receita para preparar um Steve Jobs.
Claro que devemos sempre confiar nos nossos instintos e no nosso potencial, até porque o próximo Steve Jobs vai existir e ele provavelmente terá que acreditar nele mesmo para chegar ao sucesso. Todavia, o tal “sucesso” pode vir de diferentes formas. Você não precisa seguir os mesmos passos dos seus “ídolos”.
Se seu objetivo é executar algo extremamente próximo do que essas pessoas conseguiram, você tem que ter consciência de que a chance de não ocorrer como o esperado é grande e o caminho pode ser bem diferente do que você imagina.
Dito isso, no final das contas, vale o risco. TENTE.